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MÚSICA: três minutos com os Clarendonians

Fitzroy “Ernest” Wilson e Peter Austin no início da carreira em foto promocional para um de seus lançamentos em disco

Fitzroy “Ernest” Wilson e Peter Austin no início da carreira em foto promocional para um de seus lançamentos em disco

Os Clarendonians eram originalmente Fitzroy “Ernest” Wilson e Peter Austin (que depois viria a gravar como integrante do grupo The Soul Lads). Ambos são da Jamaica, e se conheceram na Paróquia de Claredon.

A parceria começou para valer em 1963, vindo a render vários prêmios em concursos de talentos. O single de estreia dos Clarendonians veio em 1965, com a música “A Day Will Come”, produzida por Leslie Kong. Até hoje a faixa é um marco do Ska jamaicano sessentista.

Detalhe da etiqueta do single de estreia dos Claredonians, de 1965

Detalhe da etiqueta do single de estreia dos Claredonians, de 1965

Eles chamaram a atenção do Studio One, dirigido por Clement Dodd, enquanto eles ainda estavam no início da adolescência. Dodd levou a dupla para o estúdio e gravou uma série de singles, incluindo “Rudie ido um Jail”, “Sho Be Do Be”, “Rudie Bam Bam”, “You Can’t Be Happy” e “Darling Forever”. Todas essas canções chegaram ao topo das paradas na Jamaica.

Outra faixa decisiva para a consagração dos Clarendonians foi “You Can’t Keep a Good Man Down”, que ajudou a definir a era do Rude Boy no ska jamaicano.

Em dado momento, o produtor Clemente Dodd decidiu expandir os Clarendonians de dueto para um trio, levando para a banda Freddie McGregor, então uma criança de apenas 7 anos, que mal alcançava o microfone, e precisava até mesmo subir num caixote para conseguir gravar seus vocais em estúdio.

Austin, um dos Clarendonians, passou a se mostrar insatisfeito com o trabalho do produtor Clement Dodd no final da década de 1960 e decidiu começar um trabalho solo, gravando faixas para o produtor Ken Lack. Chegou ainda a trabalhar gravando algumas músicas para o produtor Phil Pratt , mas não conseguiu igualar o sucesso de seus colegas.

 

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Vale lembrar que especialmente na década de 1960, artistas de ska, rocksteady e reggae existiam aos montes na Jamaica, terra-mãe dos estilos. Por isso, a concorrência era enorme, e os artistas trabalhavam duro apostando em bons singles, que caso fossem bem executados pelas rádios, poderiam lhes render mais trabalho pelos próximos meses.

Voltando à história de Peter Austin, ele deixou a música de lado e passou a trabalhar como supervisor de aviação no Aeroporto Internacional Norman Manley.

Enquanto isso, seu antigo parceiro Ernest Wilson conseguiu se estabelecer como artista solo, com singles como “Storybook Children” e “If I Were a Carpenter”. Peter Austin chegou a se apresentar por algum tempo com o nome artístico de ‘King Shark’, e continuou a fazer sucesso esporádico até meados da década de 1990.

Freddie McGregor – o menino de 7 anos – cresceu, e levou algum tempo para se estabelecer como um artista solo, trabalhando no Studio One como um baterista de sessão e fazendo backing vocals para outros artistas. Consegui emplacar um sucesso com o single “Bobby Bobylon”, e desde o final da década de 1970 tem sido um nome respeitadíssimo do reggae.

originalmente Fitzroy “Ernest” Wilson e Peter Austin, os originais The Clarendonians, em foto de 2013

originalmente Fitzroy “Ernest” Wilson e Peter Austin, os originais The Clarendonians, em foto de 2013

Fitzroy Wilson e Peter Austin reformaram o The Clarendonians na década de 1990 e em 2013 promoveram um show de celebração do 50º aniversário do grupo.

Depois de tudo isso, aqui um dos meus sons favoritos do The Clarendonians, “Lick It Back”. São cerca de três minutos de música reconfortante, melodia poderosa que reflete toda a mística de uma época de ouro da música jamaicana. Vida longa aos rude boys.


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